quarta-feira, 21 de junho de 2017

PROJETO INSTALA COMEDOUROS PARA CÃES ABANDONADOS EM AMERICANA -SP:


Projeto instala comedouros para cães abandonados nas ruas de Americana

'AlimentaCão' começou a funcionar em março e já tem três pontos de tratamento em bairros.




Por Bruno Oliveira*, G1 Campinas e Região

09/04/2017 18h30 Atualizado 09/04/2017 18h50



Projeto quer alimentar cães que foram abandonados nas ruas (Foto: Ricardo Nascimento)



Um projeto em Americana (SP) pretende alimentar cães e gatos em situação de abandono. A ideia consiste em instalar "comedouros" em áreas públicas da cidade com maior concentração de animais de rua.


O "AlimentaCão" começou a funcionar em março e já tem três pontos de tratamento instalados em bairros periféricos da cidade, que ajudam aproximadamente 15 cães por dia.


A iniciativa, que conta com o apoio da Prefeitura e de protetores de animais, pretende ampliar esse número para mais 15 em breve, por meio da ajuda de voluntários.




Como funciona?




A ideia é simples: o morador interessado em ser tutor de um ponto de alimentação entra em contato com os idealizadores do projeto, passa por uma entrevista, depois, assina um termo afirmando que irá se comprometer a monitorar a área pelo menos uma vez ao dia, colocando mais ração e água nos "comedouros", que também devem ser fornecidas pelo voluntário.


Os "comedouros" são canos de PVC adaptados e tranformados em recipientes de água e comida. Neles são colocados adesivos, além de serem afixadas placas ao lado que expliquem a ideia do projeto e o que pode ser feito pelos moradores para contribuir. O custo do equipamento também é pago pelo voluntário.


Cada comedouro cabe, em média, 4 kg de ração, que deve ser reposta todo dia. De acordo com a comerciante Ângela Maria dos Santos, de 42 anos, que é uma das voluntárias do projeto, o trabalho consiste num monitoramento do equipamento.



"É uma assistência, dar uma olhada pra ver se 'tá' tudo em ordem. Quando eu saio pra levar meu filho na escola, ou quando eu pego e levo meu cachorro pra passear, já aproveito, caminho e dou olhada. Sempre saio com uma sacolinha com a ração, um potinho pra trocar àgua", explica.





Comedouros são abastecidos ao menos uma vez por dia por tutores responsáveis pelo ponto (Foto: Ricardo Nascimento)





Custo




Para participar da ação é necessário comprar o comedouro, que custa em torno de R$100, e abastecê-lo ao longo do dia. Segundo a organização do projeto, eles devem ainda ser afixados em lugares longe do chão para evitar que a cidade fique suja ou ocorra a proliferação de pragas como ratos e baratas.


Os tutores para os pontos são escolhidos de acordo com localização da sua casa, já que é necessário o deslocamento pelo menos uma vez por dia para estes lugares.




Apoio da população




A iniciativa teve adesão de parte da população que ajuda, por meio de doações, para manter os pontos de alimentação. Além disso, algumas empresas especializadas em produtos agrícolas, assim como petshops e clínicas veterinárias também embarcaram na ideia. Novos pontos serão instalados com a ajuda destes estabelecimentos.



"As pessoas se comovem [com a situação] passam lá e ajudam. [...] Às vezes já 'tá' cheio porque a população colocou. Tem caso das pessoas doarem... como eu tenho um comércio no bairro às vezes as pessoas vão lá e deixam a ração comigo e eu levo lá e coloco", destaca Ângela.





Voluntários e idealizadores após instalação de primeiro ponto do "AlimentaCão" (Foto: Ricardo Nascimento)




Abrigos sobrecarregados




Os voluntários do projeto afirmam que a ideia é necessária já que não há como alocar todos o animais de rua, já que os abrigos da cidade estão superlotados e a demanda por comida, cuidados veterinários e higiene é grande.



Segundo o ativista Guilherme Tiosso, o projeto tem a intenção de reabilitar estes animais para que não contraiam doenças como viroses.



"Tem algumas doenças que são oportunistas, aproveitam a baixa imunidade do animal e se proliferam pela cidade", explica.




Para Ângela, o fato dos animais de rua serem alimentados pode ajudar até na sua adoção futura.



"Eles estando bem tratados na rua, eu acho que facilita a adoção desses animais", pontua.






Castração móvel




Outra preocupação dos voluntários é conseguir com que estes cães sejam castrados, para impedir a reprodução e aumento no número de cachorros pelas ruas.


A intenção dos organizadores do projeto é conseguir um castramóvel, um centro cirúrgico móvel, para atender estes animais ao invés ter um local fixo. O antigo centro, que fica dentro do centro de zoonoses, seria transformado em uma sala de reabilitação pós-cirurgia.


Segundo a Prefeitura, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) do município realiza a castração dos animais que vivem na rua, a fim de impedir a superpopulação de cães e gatos. Porém, logo após a reabilitação, eles são devolvidos para o mesmo local.



Cachorros são alimentados por meio de doações de moradores da região (Foto: Ricardo Nascimento)




Amparo na lei




Questionada pelo G1, a Secretaria de Saúde afirmou que o projeto foi aprovado por ter base na Lei Estadual nº12. 916/2008, que viabiliza o desenvolvimento de programas que visem o controle da reprodução dos animais de rua bem como a promoção de campanhas de concientização pública e medidas protetivas.



Foi exigido, no entanto, que os pontos de alimentação tivessem tutores resposáveis em fazer a manutenção e limpeza dos comedouros e bebedouros e que ficasse claro que não há vínculo algum com a Prefeitura, apenas apoio.


* Sob orientação de Roberta Steganha

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